quarta-feira, abril 19, 2006

A Verdadeira Estória de Nada (Parte IX - O início II)

(Ricardo; Bruno; Silvia; o empregado e namorada Rita; Sara e o ex-namorado Rogério encontram-se em frente à casa que vinha mencionada na carta. Ficam todos bastante surpreendidos por se encontrarem, afinal todos se conhecem, nem que seja de vista. Uns vêem-se todos os dias, outros só se viram uma vez na vida, mas sempre ouviram falar dos outros. Era muito estranho o sorteio para este reality show.)

Rogério: Bem... Pelo menos não temos de travar conhecimentos.
Rita: Já não te via há tanto tempo. Que tens feito?
Rogério: Tenho-me arrependido do que fiz. Acho que já é bastante.
Sara: Coitadinho. Não tarda nada nascem-te umas asas. Que anjinho que ele é.
Rita: Não vale a pena entrarmos em discussões, não é?
Rogério: Tens toda a razão.
Sara: Pela primeira vez desde há semanas estamos os dois de acordo.
Bruno: Então também está por aqui?
Empregado: Pois...
Ricardo: É sua namorada?
Rita: Sim.
Bruno: Então pelos vistos o bar hoje está fechado.
Empregado: Não. Deixei alguém a substituir-me.

Façam favor de entrar. As portas para uma nova aventura vão abrir. A partir deste momento são concorrentes do reallity show mais emocionante de todos os tempos. Façam favor de entrar.
Sentem-se, há lugar para todos.

(Depois de assistirem a uma apresentação fantástica sobre o concurso a voz que se ouve em toda a casa dá início a uma sessão de perguntas)

Rogério: A única coisa que ficámos a saber é que o concurso se chama A Verdadeira Estória de Nada...

Isso foi propositado, uma vez que queremos que sejam vocês a descobrir o concurso aos poucos. Passo a passo.

Rita: Quanto tempo dura o concurso?

Depende de vocês... Pode durar um dia ou vários meses.

Empregado: Eu trabalho. Não posso ficar por tanto tempo...

Não se preocuem com o tempo. O tempo é tão relativo... De qualquer das formas temos tudo organizado para que não haja prejuizos nos vossos trabalhos nem nos vossos salários.

Bruno: Parece-me bem.
Ricardo: Não sei. Isto é tudo muito estranho.

A ideia é que vocês descubram este concurso por vocês. O público em casa já conhece os trâmites do jogo, mas para que as coisas corram da melhor forma, os concorrentes não podem saber tudo logo de início. Aliás, descobrir o concurso faz parte do jogo e é também uma das formas de achar o vencedor.
A primeira tarefa que vos vamos indicar é uma decisão em grupo. Se todo o grupo decidir ficar, o jogo começa e as portas fecham-se, se houver uma única pessoa que não queira participar, teremos de chamar o grupo de supelentes.
Têm 5 minutos a partir deste momento para decidir.

Rogério: Eu gostei da ideia.
Sara: Não sei. Ter de ficar fechado na mesma casa com certas pessoas não me é muito agradável.
Rita: O que vocês decidirem por mim está bem. Sara, não comeces, até pode ser que seja uma boa oportunidade de resolverem as coisas e de conversarem.
Silvia: A rita tem razão. Por mim ficamos.
Empregado: Eu gostava de jogar.
Rita: O meu Pituchinho está muito aventureiro... Se soubesses a vontade que isso me dá...
Empregado: Parece-me que há muitos quartos nesta casa, podemos ir para um só nós dois.
Bruno: Eu quero jogar.
Ricardo: Hmm... Não sei.
Bruno: Deixa de ser um corte. Não queres que as pessas vão para casa por tua causa.
Ricardo: Pronto... não vai ser por minha causa que não se joga.
Rogério: Estamos todos de acordo?
Bruno: Parece-me que sim. Diz lá à voz que aceitamos jogar.

Não será necessário. Já percebemos que querem jogar.
Que se fechem as portas e comece o jogo. Às 20 horas em ponto voltaremos a entrar em contacto. Até lá.

A Verdadeira Estória de Nada (Parte VIII - O início)

"Ex.mo(a) senhor(a):
É com muito gosto que a naDA. Produções convida v. ex.ª para participar no reallity show mais revolucionário de todos os tempos. Neste concurso só pode haver um vencedor, é cada um por sí e todos pelo mesmo. O prémio final tem um valor incalculável.
Por favor compareça nas nossas instalações seguindo as instruções que lhe apresentamos em anexo junto ao endereço. Será que se vai arrepender se não vier?
Atentamente
naDA. Produções"
Que estranho... não concorri a nada... mas parece ser engraçado. Vou telefonar ao Ricardo a contar.
Bruno: Estou. Morzito. Nem imaginas o que recebi pelo correio...
Ricardo: Não me digas que também recebeste um convite para participar num concurso.
Bruno: Também? Isso significa que também recebeste?
Ricardo: Sim e não quero saber dessa merda para nada.
Bruno: Oh! Não sejas assim. Há tempos disseste que precisavas de aventura... isto é a melhor aventura que podes ter. Vamos lá ver o que é e se não gostares vimos os dois embora e vamos para tua casa fazer aquelas coisas que sabes que eu gosto...
Ricardo: És mesmo tarado. Doido... Está bem. Mas nem penses que me vais convencer a participar. Só vou lá ver o que é. Depois podemos vir para minha casa.
Bruno: É por isso que te amo tanto.
Ricardo: Até logo.
Bruno: Até logo.
Silvia: Sara, Acabei de receber um convite para um concurso.
Sara: A sério? Eu também.
Silvia: Vamos as duas?
Sara: Claro.
Silvia: Mas eu pensei que nestes concursos as pessoas não podiam conhecer os outros concorrentes.
Sara: Não ligues. Se perguntarem dizemos que nos conhecemos de vista.
Silvia: Ok
Sara: O Rogério também recebeu um convite.
Silvia: Que engraçado...
Sara: Assim fica tudo em familia.
Silvia: Pois... Bem... tenho de ir estudar. Não é facil tirar um mestrado, por isso vou-me colar aos livros.
Já enviei os convites... a esta hora alguns devem estar a pensar se virão ou não, outros entusiasmados com a ideia e outros a pensar que não vêm. Coitados.... No final todos cá virão. O jogo vai começar.
Sandro: Estou... Ricardo...
Ricardo: Sim.
Sandro: Amanhã queres ir tomar um copo ao bar?
Ricardo: Depende... No final tinha umas coisas combinadas com o Bruno por causa de um concurso.
Sandro: Um concurso?...
Ricardo: Sim. Eu e o Bruno recebemos uma carta de uma produtora para participarmos num reallity show. Claro que o Bruno ficou cheio de vontade de participar, sabes como ele é, mas eu só vou ver por curiosidade. depois venho-me embora.
Sandro: Estás parvo? Participa. Os prémios desses concursos são sempre muito altos e... tu bem que estás a precisar de dinheiro.
Ricardo: Se calhar tens razão.
Sandro: Também gostava de ter recebido uma carta dessas. Não tenho sorte nenhuma...
Ricardo: Se quiseres dou-te a minha. Não me parece que eles saibam bem quem eu sou.
Sandro: Não. A sorte calhou-te a ti. Eu fico na tua claque a apoiar. Depois diz-me quando começa para eu organizar umas cenas fixes para a televisão. Vou por o bairro todo a torcer por ti.
Ricardo: Eu não conheço ninguém no bairro a não ser tu e o Bruno.
Sandro: Isso não interessa. Vais ser famoso. Nem imaginas a quantidade de gente que vai dizer que te conhece desde pequenino.
Ricardo: Pois... Acredito...
Sandro: Então depois diz qualquer coisa. Fica bem.
Ricardo: Tchau

segunda-feira, abril 10, 2006

A Verdadeira Estória de Nada (Parte VII - A verdadeira estória)

"A verdadeira estória de naDA. Silvia"

«Oh! Meu Deus.... Vou telefonar já para a polícia.
Estou? Acho que recebi notícias dela.... Despachem-se por favor.»

Inspector Relvas: Quando foi a última vez que esteve com ela...
Mãe: Já lá vão dois anos. Depois de ela acabar a faculdade nunca mais tive notícias dela. Não sei onde ela possa estar. O que se passa senhor agente?
Inspector Relvas: Para já nada. Mas o senhorio ligou a dizer que ela já não paga a renda há dois meses e não sabe dela. Nem os amigos.
Mãe: Não acredito... A Silvia sempre foi boa pagadora. Estou a ficar preocupada.


Inspector Relvas: Ainda não sabemos de nada minha senhora... Lamentamos... Mas assim que soubermos vamos contactar-vos.
Mãe: Eu não aguento. O que é feito da minha Sara...
Pai: Calma. A Sara é crescidinha. Ela sabe o que faz.
Mãe: Ela nunca esteve tanto tempo sem dizer nada. Que Deus a proteja.
Pai: Não chores... calma.
Inspector Relvas: Nós vamos voltar para a esquadra. Qualquer novidade comunicamos. Façam o mesmo por favor.

Andreia: Relvas! Acabei de saber que o senhorio da Sílvia telefonou a dizer que recebeu um bilhete estranho e estava assinado por ela.
Inspector Relvas: Vamos!

Aqueles ainda estão vivos. Que estranho... já deviam estar redondos no chão como os outros. Não entendo.
Vamos brincar mais um bocadinho... Onde está o microfone? Ah! aqui está. Olá meninos. Estão-se a divertir? Não olhem para mim com essa cara. Este é o melhor reality show que já ví até hoje. Têm fome? Oh! Claro que têm. Que carinhas esfomeadas... Eu mandava-vos um hamburguer igual ao que estou a comer agora, mas pode estar envenenado... ahahahah. Não olhem assim para mim... O nosso amigo bruno comeu porque quis. Além disso, pelo menos não morreu com fome. Morreu feliz...
Como eu gostava de ouvir as vossas vozes neste momento... Parece que estão a gritar. Assim não podemos conversar. Mas voces sabem que eu adoro conversar convosco. Por isso já mandei arranjar o sistema de som. Não se preocupem. Temos muito tempo...
Ainda bem que vocês ainda estão vivos. Ia sentir uma extrema solidão se já não tivesse mais ninguém com quem falar. Vocês são fenomenais. Amigos.
Agora voces devem-se estar a perguntar o que é que eu quero desta vez. Eu hoje estou um bocado tagarela e com muito boa disposição e acabei por me distrair.
O que eu quero é que vocês tenham uma boa refeição. Lá em baixo, onde estão os vossos amiguinhos está uma mesa cheia de comida. Eu sei que não é propriamente o melhor sítio para deixar comida, mas foi a melhor forma de manter as audiências... Vocês vão ter de ir lá abaixo buscar a comida. Cada um dos vossos amigos tem uma pequena oferenda para vós. Aproveitem. Ah! Quase me esquecia. Um de vós foi nomeado e eu já sei quem foi, mas só vou dizer quando os microfones estiverem bons de novo. Afinal de contas quero saber qual foi a reacção da pessoa nomeada da própria boca. Aproveito para vos garantir que a comida não está envenenada. Podem acreditar. Alguma vez vos enganei?

Inspector Relvas: Assinado? Isto está tudo escrito a computador... tu disseste que estava assinado.
Andreia: Foi o que o senhoria disse. Está aí o nome dela. Ele pensa que foi ela.
Inspector Relvas: De qualquer das formas é exactamente igual aos outros. Apenas muda o nome. Já conseguiste saber alguma coisa do laboratório?
Andreia: Nada. Apenas que existe alguma mensagem escondida por trás do que está escrito no papel.
Inspector Relvas: Estou cada vez mais baralhado. E não gosto nada de estar baralhado. Ainda por cima calha-me uma estagiária na rifa para um caso destes. Que raiva!
Andreia: Acho melhor nem comentar. A partir de hoje trato-te por Inspector aliás, por sua excelencia. Fique sua excelência a saber que fiquei ofendida consigo, percebeu senhor inspector?.
Inspector Relvas: Deixa-te de coisas. Jantamos em tua casa?
Andreia: Não. Vais jantar a casa da tua mãmã.
Inspector Relvas: Pronto Vai fazer birra agora.